Tal ser, que passarei a me referir de agora em diante como "a estrela", nada mais era do que uma pessoa comum, com seus próprios problemas e angústias.
Talvez devido a uma infância complicada onde, ao invés de amor, somente recebeu cobranças irreais de seus pais e sociedade; ou alguma de suas inúmeras peculiaridades intelectuais; a estrela sentia a constante necessidade de ser "amada".
Para a estrela, o amor poderia ser a atenção e tempo daqueles que a idolatram, contudo, tais coisas não apresentam nenhum valor para ela. E, por mais que nunca tenha admitido verbalmente tal afirmação, todos sabem que "amor" nada mais é do que um sinônimo de dinheiro para ela.
Mas os seus fãs não se incomodam com tal fato, pelo contrário, eles veem isso como um verdadeiro "ato de apoio". Porém, o que nunca foi mencionado para eles é que, não importam quantos "atos de apoio" você faça, você jamais há de conseguir "comprar a vida" de sua estrela.
Nem todas as estrelas começam grandes, na verdade, a maioria será para sempre uma espécie de "Júpiter" sem jamais alcançar o título de "estrela". Dentre as "estrelas falhadas", há aquelas que percebem a sua impotência e buscam ajuda, ou são cooptadas, em entidades especializadas em transformar uma "EBLM J0555-57Ab" em uma "Proxima Centauri".
Tais entidades não estão interessadas em fazer caridade, pelo contrário, elas buscam explorar ao máximo suas estrelas em troca de uma chance mínima de obter uma "supernova", sem se preocupar com as inúmeras "anãs negras" que irão negligenciar neste processo. Por esse motivo, essas entidades raramente aceitam "jupíteres", posto que estas não são estrelas de fato.
As "jupíteres", muita vezes, entristecem-se com o fato de não serem estrelas, no entanto, se soubesse do fim trágico que toda estrela há de ter, ficariam felizes, pois, não sendo estrelas, nunca irão "morrer".
A estrela de quem escrevo foi uma dessas inúmeras "EBLM J0555-57Ab" que sonhava em se tornar a "Stephenson 2-18" e confiou tal anseio a uma dessas entidades especializadas.
Por ter sido uma das primeiras estrelas a confiar o seu destino a eles, a entidade a tratou relativamente bem e a deu liberdade para escolher a sua própria estratégia.
A estrela foi gananciosa. Ao invés de escolher uma atividade para se especializar, ela escolheu fazer de tudo um pouco. Esta abordagem apresenta vantagens óbvias, no entanto, tem como desvantagem o fato que a estrela que a segue não fará nada "bem".
Aos poucos, a estrela foi descobrindo quais estratégias retornavam mais "amor" para ela e decidiu qual seria o seu foco. Infelizmente, tal foco seria a razão de sua ruína, pois, a estratégia que mais retornava "amor" a curto prazo, nem sempre é viável a longo prazo.
Tal estratégia consistia em uma verdadeira atuação constante onde a estrela agia como se estivesse em uma relação parassocial com os seus fãs. Ela nunca o faria de forma direta, uma vez que isso "acabaria com a ilusão". Logo, era necessário ter uma sensitividade acima da média para saber o momento certo de relembrar o seu público sobre os "sentimentos" que a estrela nutre por eles.
Os anos foram se passando para a estrela e tudo, aparentemente, ía bem. Ela estava entre as que mais recebiam "amor", podia fazer o que quisesse e estava cada vez mais perto de realizar o seu sonho. A esse ponto, nada poderia dar errado. Ou será que não?
Fato é que relações parassociais não são saudáveis, e o menor dos indícios de que a "ilusão" nada mais era do que uma ilusão pode ser o suficiente para fazer com que todo o "amor" que os fãs nutrem pelas suas estrelas desapareça.
Assim como estrelas podem ser absorvidas por buracos negros, nossa estrela foi pega pelo "horizonte de eventos" de sua própria "estupidez". Por mais que este seja um adjetivo duro, é o que mais reflete a realidade. Buracos negros não podem ser vistos, mas podem ser facilmente percebidos por aqueles que veem o trágico fim daquilo que os cercam.
Uma vez que a estrela chega ao "ponto de não retorno", suas entidades especializadas a abandonam e inventam qualquer motivo banal para tal: seja "graduação" ou "quebra de contrato".
Nesse ponto, tudo que resta para a estrela é presenciar o seu "evento de perturbação de maré" sem receber o apoio de ninguém. Todos sabem que aqueles que se aproximarem sofrerão do mesmo destino.
Este é o momento mais doloroso da vida de uma estrela, não pela "espaguetificação" de seu corpo, mas pela "espaguetificação" de suas "amizades".
Após um evento tão traumático, nenhuma "estrela" segue sendo uma estrela, por mais que consiga reter parte de sua fama. Mesmo estando condenadas a serem somente uma fração daquilo que já foram um dia por toda a eternidade, elas ainda querem "brilhar".
Nossa estrela tentou começar do zero com outra entidade especializada, mas não obteve o "amor" que necessitava, e logo desistiu.
A verdade é que após anos cultivando relações parassociais, ela se tornou incapaz de sentir "amor" de outra maneira. E mais uma vez insistiu na estratégia que resultou na sua ruína.
A estrela sempre continuará falhando devido a uma falha no seu "plano de negócios", mas ela nunca vai desistir de tentar "brilhar" enquanto todas as fontes de brilho do universo não tiverem sido convertidas em "ferro".
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