segunda-feira, 30 de outubro de 2023

O Melhor - Senso de Realismo

O que faz algo ser melhor do que outro? É possível utilizar critérios objetivos para decidir, mas será que o resultado realmente irá condizer com a realidade?
É óbvio que o "melhor" vai depender do contexto em que ele está inserido. Mas o contexto é subordinado do tempo e, portanto, muda com frequência. 
Além disso, ele pode ser influenciado pela perspectiva de quem o experimenta, tornando extremamente pessoal aquilo que efetivamente é o "melhor".
Caso haja insistência em aderir a critérios objetivos, será necessário submeter a inúmeras condicionais o objeto em análise. 
No fim, critérios objetivos não são capazes de dizer qual é o "melhor" de fato, mas sim o que teve maior desempenho nos testes propostos.
Ao adotar uma postura subjetiva, é possível somente determinar o "melhor" para um único indivíduo. Mas no fim, aquilo que é "melhor" para alguém só compete ao indivíduo que será afetado.
Dessa forma, é possível que algo que não é objetivamente melhor em nada ser o "melhor" para determinado indivíduo. 

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Incômodo - Senso de Realismo

Uma sensação ruim que insiste em remanescer apesar de seus efeitos nefastos. Contudo, por mais insuportável que seja, isso se trata de algo que não pode ser amenizado por terceiros.
Por mais que tal sentimento possa ter nascido devido a interferência de outrem, a verdade e que ele depende do próprio indivíduo. 
Há quem diga que seres emocionalmente inteligentes se veem livres de tais preocupações. Mas, como ser "emocionalmente inteligente" quando somente quem viveu de forma integral as exatas mesmas condições pode entender as atitudes de certo indivíduo?
Não raramente, esses "emocionalmente inteligentes" são carentes de outra inteligência: a empatia.
A fim de se sentirem superiores, eles pregam: tenha inteligência emocional. 
Mas quando suas falhas vêm a tona, eles revelam não possuir sequer aquela dita "inteligência" a qual tanto se orgulhavam em público.
Há muitos "juízes", mas pouco juízes. 

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Espera - Senso de Realismo

"Momentos infernais". Essa é a forma que os pacientes se referem à agonia da espera.
A ansiedade gerada pela sensação de incerteza é mais devastadora do que a espera em si. Dessa forma, as pessoas sofrem mais em suas mentes do que na realidade.
A dor de ter o seu bem mais precioso, o tempo, sendo jogava fora como um lixo qualquer é inesquecível. Inúmeras serão as razões que poderão serem dadas, mas no fim, nenhuma consegue justificar de fato.
Todavia, por mais dolorosa que a experiência da espera seja, ela é incapaz de se comparar a dor de quando ela é em vão. Quando isso ocorre, o paciente se sente humilhado.
Há pessoas que perdem a sua confiança naquilo que as fez perder o seu bem mais precioso. Mas nem todos têm tal luxo. Assim, mas uma vez voltaram a serem humilhados.

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Inteligência - Senso de Realismo

Existem pessoas que se dizem ser inteligentes. Todavia, alguém realmente inteligente não se diz ser tão inteligente assim. Logo, as pessoas "inteligentes" não são aquelas que proclamam o ser, mas sim aquelas que são reconhecidas como tal.
Isso é algo problemático, pois os terceiros sempre irão julgar os demais com base em seus preconceicos e conhecimentos prévios que, não raramente, são incapazes de descrever a realidade em toda a sua plenitude. 
Por consequência de tal fato, haverão pessoas inteligentes que jamais serão reconhecidas e pessoas não tão inteligentes assim que serão aclamadas. Em ambos os casos, o resultado é negativo.
Quando uma pessoa verdadeiramente inteligente não é reconhecida como tal, ela desenvolve sérios problemas de autoestima e passa a se considerar "burra". Tal pessoa começa a se cobrar dada vez mais em uma tentativa desesperada de compensar as "deficiências" que nunca teve. O final dessa "corrida" por resultados será sempre trágica, pois: "quando alguém persegue a sua mentira ao invés de abraçar a sua verdade, ela sempre irá para uma situação pior do que quando começou".
Quando alguém "burro" é considerado como sendo "inteligente", o resultado também será ruim. Pois, não sendo verdadeiramente "inteligente", quando a hora em que necessitarem de suas habilidades chegar, todos ficarão decepcionados. E há poucas dores maiores do que a de decepcionar a todos em seu redor e a si mesmo.
Ambos os casos são ruins, mas o pior é aquele que é a soma dos dois: quando uma pessoa inteligente é considerada burra, passa a ser reconhecida como inteligente, e no final descobre que não era tão inteligente assim. Quando isso ocorre, só podemos desejar "melhoras" ao indivíduo.
Querendo ou não, os julgamentos de terceiros sempre afetarão grandemente os envolvidos, mesmo se eles forem estoicos. As pessoas criam ideias irreais sobre as outras e depois se decepcionam ao descobrir que a sua ilusão sempre foi uma ilusão.
A decepção é um sentimento duro e amargo, mas necessário. Ela é a professora de autoconhecimento mais eficiente que existe. Se faz necessário refletir sobre o porquê dela se fazer presente para que ela não volte pelo mesmo motivo.

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Amor Parassocial - Senso de Realismo

Para todos ela era uma figura a ser idolatrada. Uma alma especial, do tipo que somente existia um exemplar por geração. Todavia, tal afirmação não poderia se distanciar mais da verdade.
Tal ser, que passarei a me referir de agora em diante como "a estrela", nada mais era do que uma pessoa comum, com seus próprios problemas e angústias.
Talvez devido a uma infância complicada onde, ao invés de amor, somente recebeu cobranças irreais de seus pais e sociedade; ou alguma de suas inúmeras peculiaridades intelectuais; a estrela sentia a constante necessidade de ser "amada".
Para a estrela, o amor poderia ser a atenção e tempo daqueles que a idolatram, contudo, tais coisas não apresentam nenhum valor para ela. E, por mais que nunca tenha admitido verbalmente tal afirmação, todos sabem que "amor" nada mais é do que um sinônimo de dinheiro para ela.
Mas os seus fãs não se incomodam com tal fato, pelo contrário, eles veem isso como um verdadeiro "ato de apoio". Porém, o que nunca foi mencionado para eles é que, não importam quantos "atos de apoio" você faça, você jamais há de conseguir "comprar a vida" de sua estrela.
Nem todas as estrelas começam grandes, na verdade, a maioria será para sempre uma espécie de "Júpiter" sem jamais alcançar o título de "estrela". Dentre as "estrelas falhadas", há aquelas que percebem a sua impotência e buscam ajuda, ou são cooptadas, em entidades especializadas em transformar uma "EBLM J0555-57Ab" em uma "Proxima Centauri".
Tais entidades não estão interessadas em fazer caridade, pelo contrário, elas buscam explorar ao máximo suas estrelas em troca de uma chance mínima de obter uma "supernova", sem se preocupar com as inúmeras "anãs negras" que irão negligenciar neste processo. Por esse motivo, essas entidades raramente aceitam "jupíteres", posto que estas não são estrelas de fato.
As "jupíteres", muita vezes, entristecem-se com o fato de não serem estrelas, no entanto, se soubesse do fim trágico que toda estrela há de ter, ficariam felizes, pois, não sendo estrelas, nunca irão "morrer".
A estrela de quem escrevo foi uma dessas inúmeras "EBLM J0555-57Ab" que sonhava em se tornar a "Stephenson 2-18" e confiou tal anseio a uma dessas entidades especializadas. 
Por ter sido uma das primeiras estrelas a confiar o seu destino a eles, a entidade a tratou relativamente bem e a deu liberdade para escolher a sua própria estratégia. 
A estrela foi gananciosa. Ao invés de escolher uma atividade para se especializar, ela escolheu fazer de tudo um pouco. Esta abordagem apresenta vantagens óbvias, no entanto, tem como desvantagem o fato que a estrela que a segue não fará nada "bem".
Aos poucos, a estrela foi descobrindo quais estratégias retornavam mais "amor" para ela e decidiu qual seria o seu foco. Infelizmente, tal foco seria a razão de sua ruína, pois, a estratégia que mais retornava "amor" a curto prazo, nem sempre é viável a longo prazo.
Tal estratégia consistia em uma verdadeira atuação constante onde a estrela agia como se estivesse em uma relação parassocial com os seus fãs. Ela nunca o faria de forma direta, uma vez que isso "acabaria com a ilusão". Logo, era necessário ter uma sensitividade acima da média para saber o momento certo de relembrar o seu público sobre os "sentimentos" que a estrela nutre por eles.
Os anos foram se passando para a estrela e tudo, aparentemente, ía bem. Ela estava entre as que mais recebiam "amor", podia fazer o que quisesse e estava cada vez mais perto de realizar o seu sonho. A esse ponto, nada poderia dar errado. Ou será que não? 
Fato é que relações parassociais não são saudáveis, e o menor dos indícios de que a "ilusão" nada mais era do que uma ilusão pode ser o suficiente para fazer com que todo o "amor" que os fãs nutrem pelas suas estrelas desapareça.
Assim como estrelas podem ser absorvidas por buracos negros, nossa estrela foi pega pelo "horizonte de eventos" de sua própria "estupidez". Por mais que este seja um adjetivo duro, é o que mais reflete a realidade. Buracos negros não podem ser vistos, mas podem ser facilmente percebidos por aqueles que veem o trágico fim daquilo que os cercam.
Uma vez que a estrela chega ao "ponto de não retorno", suas entidades especializadas a abandonam e inventam qualquer motivo banal para tal: seja "graduação" ou "quebra de contrato".
Nesse ponto, tudo que resta para a estrela é presenciar o seu "evento de perturbação de maré" sem receber o apoio de ninguém. Todos sabem que aqueles que se aproximarem sofrerão do mesmo destino.
Este é o momento mais doloroso da vida de uma estrela, não pela "espaguetificação" de seu corpo, mas pela "espaguetificação" de suas "amizades".
Após um evento tão traumático, nenhuma "estrela" segue sendo uma estrela, por mais que consiga reter parte de sua fama. Mesmo estando condenadas a serem somente uma fração daquilo que já foram um dia por toda a eternidade, elas ainda querem "brilhar".
Nossa estrela tentou começar do zero com outra entidade especializada, mas não obteve o "amor" que necessitava, e logo desistiu.
A verdade é que após anos cultivando relações parassociais, ela se tornou incapaz de sentir "amor" de outra maneira. E mais uma vez insistiu na estratégia que resultou na sua ruína.
A estrela sempre continuará falhando devido a uma falha no seu "plano de negócios", mas ela nunca vai desistir de tentar "brilhar" enquanto todas as fontes de brilho do universo não tiverem sido convertidas em "ferro".

Sonho - Senso de Realismo

Ela tinha 14 anos quando acabou. Justo a idade onde Deveriam estar mais vívidos.  Enquanto os outros podiam se deleitar Em suas doces ilusõe...